Neto de Graciliano Ramos revela detalhes de ‘São Bernardo’ e do autor

9 de junho de 2020

Graciliano Ramos era ateu. Mas foi dentro de uma sacristia que o escritor alagoano criou parte da obra “São Bernardo”. Quem participou da edição de junho do Clube de Leitura da Apamagis pode conhecer esse e outros detalhes sobre o autor e o livro, contados pelo neto de Graciliano Ramos, o também escritor Ricardo Ramos Filho.

O encontro foi realizado virtualmente, com cerca de 25 participantes. O número de interessados tem aumentado a cada encontro. Ramos Filho foi o convidado e a mediação ficou a cargo da magistrada Danielle Martins Cardoso

“O Graciliano escreveu ‘São Bernardo’ dentro da igreja de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Ele era amigo do padre Macedo e acho que lá encontrava mais sossego, mais paz. Acho que era mais fresco também”, diz Ramos Filho. “Tem no livro uma paisagem que descreve a vista de dentro de uma igreja, provavelmente, era o que ele via da sacristia para fora. É o que deduzo, não sei, mas seria perfeitamente possível”.

Ramos Filho já leu “São Bernardo” cerca de dez vezes. Além de neto do autor, tem mestrado e doutorado sobre a obra do avô, mas só começou a ler Graciliano por volta dos 16 anos, por orientação do pai, o também escritor Ricardo Ramos. “Meu pai achava que não era um autor fácil e que se eu começasse a ler muito cedo corria o risco de não gostar, e sendo neto pegaria muito mal”, diz Ramos Filho.

O neto de Graciliano diz que a primeira vez que leu “São Bernardo” ficou impactado com a figura do protagonista, Paulo Honório, que narra sua própria história no livro. “O fato de ser tão claro na figura do Paulo Honório aquele representante do capitalismo selvagem, que quer conseguir as coisas a qualquer custo, passando por cima das pessoas sem o menor dó, é uma coisa que nunca esqueci”, disse Ramos Filho, lembrando suas primeiras impressões da obra.

Entre os participantes do Clube de Leitura houve interpretações semelhantes sobre o personagem. Já a mulher do protagonista, Madalena, foi vista por parte do grupo como a antítese ideológica dele.

“Foi um encontro muito bom, de quase três horas, com a participação ativa de todos. Ninguém percebeu a hora passar”, diz Danielle.

Segundo a mediadora, os encontros virtuais têm sido bem proveitosos e objetivos. “Esses encontros devem continuar, mesmo se forem alternados com os presenciais, porque eles possibilitam a participação de quem está longe, como o poeta mineiro Pedro Muriel, que mora em Belo Horizonte, e magistrados do interior”.

“O aumento do número de participantes do Clube de Leitura mostra que este não só é um evento de qualidade, como também é querido pelos associados e amigos. As sessões virtuais agora permitem que mais pessoas acompanhem as conversas e isso deve tornar os debates ainda mais ricos”, disse a presidente da Apamagis, Vanessa Mateus.

Segundo Danielle, Ramos Filho forneceu bons elementos para que o grupo pudesse ampliar o olhar sobre a obra e como ela foi escrita.

O convidado também aprovou o encontro: “O que chamou atenção foi o grande interesse e a percepção de que todos leram o livro. Um pessoal muito simpático. Foi legal”, diz Ramos Filho.

O próximo Clube de Leitura será realizado no dia 7 de julho, com foco na obra “Travessuras da Menina Má”, de Mario Vargas Llosa.

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