Em live, Gabriela Manssur diz que imprensa pode ser grande aliada no combate à violência contra a mulher

27 de agosto de 2021

Nesta quinta-feira (26/8), a série de lives “Casos Midiáticos: Justiça X Imprensa”, da Apamagis, contou com a participação da promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo Gabriela Manssur, um dos principais nomes do Brasil no que diz respeito ao combate à violência contra a mulher.

A live foi conduzida pela diretora de Imprensa da Apamagis, a juíza e jornalista Carolina Nabarro Munhoz Rossi, e transmitida no perfil da Associação no Instagram. Para assistir a íntegra da entrevista clique aqui

Gabriela Manssur é idealizadora de uma série de projetos, como o Justiceiras, criado no ano passado, durante a pandemia; o Instituto Justiça de Saia, que trata do tema da mulher no Poder Judiciário; Tempo de Despertar, que ajuda a ressocializar agressores de mulheres; e Política de Saia, recentemente lançado, que visa contribuir para ampliar a participação feminina na política.

Sobre esses projetos, a promotora ressaltou que são importantes para informar e conscientizar as pessoas sobre a questão da violência contra a mulher. “Primeiro, temos a necessidade institucional no Ministério Público de conscientização para o desenvolvimento de uma gestão que priorize o combate à violência doméstica. Temos, ainda, a necessidade de especialização das promotorias, de investimento em equipe técnica, de desenvolvimento de projetos. Não foi só eu que fiz isso, foi um grupo de mulheres do Ministério Público.”

Gabriela Manssur explicou que, além do trabalho institucional, ela optou por ter voz própria também e que, por isso, passou a utilizar bastante as redes sociais de forma quase que pioneira na categoria, o que gerou muitas críticas no início. “Fui muito criticada. Todas as pessoas, principalmente mulheres que ousam, que têm iniciativas diferentes e corajosas, que se expõem de forma positiva sofrem muitas críticas. Eu até perdi amigas que disseram estar envergonhadas com meu trabalho. Tudo isso porque eu queria mostrar o lado feminino da mulher, um incentivo para a mulher ser independente. Falaram que eu queria aparecer. Acho lamentável, pois não quiseram ver o lado positivo de um trabalho que pode ser ousado para uma Instituição conservadora, mas que é de extrema importância.”

Passado algum tempo, a promotora contou que as críticas cessaram, até porque hoje em dia todas as instituições possuem uma atuação imperativa nas redes sociais. “Hoje as instituições debatem, postam notícias, produzem conteúdo, comentam situações importantes. Isso tornou mais natural o trabalho que sempre fiz nas redes. Fui muito criticada, mas a minha vontade superou tudo.”

Carolina Nabarro, que também tem uma atuação nas redes sociais, concordou com a promotora e citou exemplos de alguns comentários muito comuns a respeito de pessoas que fazem esse tipo de trabalho. “Muitos dizem que estamos abandonando a carreira, que queremos promoção ou uma carreira política, ser influenciador digital. Nada disso é verdade. O propósito é usar as redes sociais em prol de uma causa. Infelizmente demorou um pouco para as pessoas enxergarem isso de outra forma.”

Sobre a relação com a imprensa, Gabriela Manssur destacou que atuou muito junto a jornalistas para mudar a forma como casos de violência contra a mulher eram tratados, no intuito de mostrar com mais clareza a gravidade do problema. “A mídia, às vezes, veicula a notícia de que uma mulher foi morta por ciúmes, em razão da maneira como estava vestida ou do horário ou local onde estava. Aos poucos, a imprensa tem dado as notícias mais respeitosamente, com relação ao direito das mulheres.”

A promotora disse não concordar muito com alguns impedimentos legais que não permitem a juízes e membros do Ministério Público a falar mais com a Imprensa. “Há muitas limitações, e acho errado, porque ninguém está questionando a atuação de um colega, ninguém está falando sobre a pessoa física, sobre o determinado caso. Como especialistas, podemos falar sobre o tema, não exatamente sobre o caso específico, temos uma certa credibilidade perante a sociedade. Isso não pode ser usado para tolher a nossa liberdade de expressão. São comentários técnicos.”

Gabriela Manssur chamou a atenção para o que ela identifica como a raiz da violência contra as mulheres. Para ela, a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho e principalmente nos postos de liderança tem total relação com a violência ainda muito latente no Brasil. “Precisamos equilibrar essas questões das mulheres no Poder Judiciário, na política. Só assim teremos igualdade material.”

Por fim, a promotora lembrou que ela própria, por se expor em prol do combate à violência contra a mulher, é vítima de ataques e críticas. “Todos os dias, combatemos essas situações de desigualdade, temos que informar e mostrar os resultados. A minha resposta às críticas é mostrar o resultado do trabalho. Um resultado que acaba com grande parte dessa desigualdade.”

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